quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Terror de Dragão


 

Os últimos três anos haviam sido péssimos. O solo tornara-se infértil, e o pouco alimento que pode ser produzido foi, em grande parte, destruído por geadas e nevascas. Muitos morreram, e a maioria dos camponeses sobreviventes havia passado muita fome. Entretanto, além das pragas, das epidemias, e das três invasões das hordas bárbaras do norte, nenhuma dessas desgraças comparava-se com a que estava por vir.

Há poucas semanas atrás, mensageiros desesperados vindos do leste anunciaram a notícia de que a besta odiosa, temida por todos os homens, aproximava-se velozmente da aldeia. Quase todos apavoraram-se e fugiram; apenas os mais maltrapilhos, que não tinham nenhum outro lugar para ir, permaneceram na vila condenada.

Eis que em um calmo dia de primavera, o jovem Tom, de apenas quatro anos, foi o primeiro a avistar a criatura infernal. Chorando histericamente, o menino avisou aos poucos camponeses restantes, que reuniram-se do lado de fora de suas casas, conhecedores do destino cruel a eles reservado. Sim, e eles viram. Lá estava ele, o gigante réptil alado. Era um imenso dragão negro, seus olhos brilhavam, retorcidos de inteligência e maldade, trazendo terror ao coração de qualquer ser vivo. Eram especialmente apavorantes quando reviravam em sua órbita, como se desejassem consumir o mundo inteiro. Seus gritos ensandecidos, carregados de uma loucura imortal e incompreensível, devoravam os últimos resquícios de esperança das almas dos camponeses. O Dragão maldito contorcia-se demoníaca e sensualmente no ar, como se estivesse brincando com suas presas antes de assassiná-las sem piedade.

Seu ataque foi breve e cruel. Um último urro de prazer e loucura gelou os corpos dos homens, e anunciou seu golpe fatal. A fúria do monstro, contida por anos no âmago do seu ser, seu odor fétido de maldade, pode ser sentida a milhas de distância. Aquele momento foi indescritível, tamanho pavor trouxe à alma e ao coração, travando o espírito e os músculos de qualquer adulto, levando-o a chorar como uma criancinha. Após longos  e intermináveis momentos de dor e pavor inenarráveis, o Dragão grunhiu e partiu, feliz com a cena de destruição por ele provocada.

Por fim, alguns camponeses morreram. Os sobreviventes estavam exultantes. A próxima colheita seria maravilhosa. Nunca antes a terra havia sido tão bem adubada.

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