terça-feira, 15 de dezembro de 2009

As Crônicas de Tallyar - #3.

*Referência: As Crônicas de Tallyar - #2.


A Fundação do Reino e as Guerras Élficas


De todos os inimigos de Gizella,  Kalmus foi o mais difícil de ser derrotado, e aquele que mais violentou a terra e o povo de Tallyar. Com o final da Guerra, seu corpo foi fincado em uma estaca em Tyarna, para que todos vissem sua derrota. Poderosas magias afastaram o apodrecimento natural do cadáver, que somente desapareceu quando totalmente devorado por pássaros e outros seres sombrios da noite.

Gizella, entretanto, não estava satisfeita. Ardia em seu peito o ódio pelos bárbaros dos Vales dos Lobos – que deveriam ser punidos pela afronta que praticaram. Suas tropas estavam prontas e armadas, e a guerra já durava tanto tempo, que quase ninguém se lembrava de como era estar em paz. Menos de dois meses após o fim das Guerras de Sucessão, Gizella, já velha, partiu com seu exército em campanha contra os bárbaros conhecidos pelo nome de bakar.

Os planos eram expandir a fronteira do Arquiducado até as margens do profundo rio Cltester, subjugando ou expulsando as tribos bakar que se encontrassem no caminho. Os clãs de guerreiros do norte estavam extremamente enfraquecidos após a aventura de Kalmus, e ofereceram muito pouca resistência ao avanço dos experientes soldados tallyar.

Dessa invasão, duas casas nobres surgiram, como prêmio a chefes bárbaros que aceitaram espontaneamente o domínio e a soberania de Gizella – a Casa de Strenski e a Casa de Walchow. A velha guerreira, entretanto, não resistiu aos rigores do inverno dos Vales dos Lobos, e faleceu de pneumonia crônica, nos braços de seu filho e herdeiro, Orban Bálazs.

Com a mãe morta em seu colo, Orban sabia que seu poder e título estavam seriamente ameaçados. Nada impedia a eclosão de uma nova guerra civil, contestando a sua capacidade e o seu direito ao Arquiducado. Todos esperavam que a Arquiduquesa desse início aos trabalhos de reconstrução do país, e criasse as condições para uma sucessão tranqüila.

Orban não teve dúvidas – apenas uma nova guerra impediria a possibilidade do estouro de qualquer espécie de revolta. Nas terras recém-anexadas dos bakar, em frente a seus guerreiros e chefes bárbaros subjugados, proclamou-se o novo Arquiduque e declarou que era chegado o momento de vingar a perfídia dos elfos traidores que haviam se recusado a ajudar os amigos anões.

Assim iniciaram-se as Guerras Élficas, quando as tropas de Tallyar invadiram a Floresta Alta e o Reino de Billandra. Os elfos contavam com suas táticas de guerrilha, e com a escuridão das matas para prevalecer sobre os humanos. Mas os guerreiros de Tallyar haviam aprendido tais técnicas e estratégias durante a cruel Guerra Civil dos últimos anos. Orban revelou-se um gênio militar, e o Reino de Billandra caiu em menos de um ano.

Orban, ao tratar com os elfos derrotados, não foi generoso como sua mãe havia sido com os bárbaros.  As terras da Floresta Alta foram anexadas, as cidades élficas destruídas e queimadas, o povo chacinado e espalhado pela Floresta em pequenas tribos e conglomerados. Os poucos nobres sobreviventes foram obrigados a jurar lealdade a Orban e a Tallyar.

Ao retornar para Tyarna, Orban julgou que era hora de tornar-se mais poderoso do que já era. Convocou todos os nobres do Arquiducado, e em longa cerimônia, fundou o Reino de Tallyar, e proclamou-se Rei daquela terra. Não houve oposição. Novos títulos foram distribuídos entre a nobreza, e ninguém ousava questionar o cruel rei guerreiro que consolidava, naquele momento, todo seu poder adquirido ao longo de anos brutais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário