terça-feira, 8 de dezembro de 2009

As Crônicas de Tallyar - #2.

* Referência: As Crônicas de Tallyar - #1.


O Arquiducado e As Guerras de Sucessão


O primeiro Arquiduque de Tallyar foi Erno Bálazs, conhecido como “Pai”, por ter sido efetivamente quem fundou, criou e desenvolveu as terras de Tallyar. Em seu longo governo de quarenta e sete anos, Erno fundou a capital do Arquiducado, Tyarna, bem como as cidades de Gaszi, Dénes, Kalman, e o porto de Vili. O “Pai” também fomentou a agricultura, o comércio e a construção de estradas, bem como estabeleceu relações com os elfos de Billandra e com as várias tribos bárbaras, humanas e demi-humanas, que habitavam nas regiões mais distantes e geladas dos Vales dos Lobos.

É dessa época o famoso Feudo do Martelo, uma guerra interna entre os novos clãs anões, que praticamente levou a raça uma segunda vez à extinção. Ballia foi quase destruída pela luta intestinal, e, no fim, somente a intervenção do próprio Erno evitou a catástrofe total. Dos sete clãs anões, somente a existência de dois – o clã do Escudo Partido, e o clã do Machado Fincado – foi permitida. Ambos receberam a missão de reconstruir Ballia, que deveria ser a única cidade anã do Arquiducado, e teriam os mesmos direitos e prerrogativas das casas nobres humanas. Tal manobra, efetivamente, consolidou a preponderância política e cultural humana sobre o Arquiducado.

Os problemas do Arquiducado se iniciaram com a morte de Erno Bálazs. Gizella Bálazs, sua única filha, considerava-se como a legítima sucessora ao título de seu pai. As demais casas nobres, entretanto, consideravam que a tradição iniciada ao final da Batalha de Ballia deveria ser seguida, e que uma nova Casa deveria ser eleita para ocupar o Arquiducado.

Das dezenove casas humanas, nove delas - Hajna, Ildiko, Virag, Sári, Piri, Almos, Laci, Levi e Vinge. - permaneceram leais a Gizella, que também foi apoiada pelo clã do Escudo Partido. O clã do Machado Fincado, liderado por Balrus, o Padre Anão, pretendeu se estabelecer como líder do Arquiducado, e foi apoiado pelas casas humanas de Todor, Robi e Pisti. O governador de Dénes, ao sul, Samuel Otto, declarou-se de imediato novo Arquiduque, e foi seguido pelas casas de Odon, Nandor e Moric. Por fim, as chamadas três casas sem nome, sediadas em Vili, aliaram-se em casamentos incestuosos profanos e se proclamaram messias de uma nova era satânica sob seu comando.

As casas revoltosas sabiam que, se lutassem entre si, não teriam chance contra as tropas leais a Gizella. Concluíram um acordo de cavalheiros para, de início, derrotarem a inimiga em comum, e, somente depois, disputarem entre si a liderança de Tallyar. Em Ballia, os exércitos do clã do Escudo Partido resistiam bravamente à revolta do clã do Machado Fincado e de suas casas aliadas. Os exércitos dos demais revoltosos aglomeraram-se ao sul, na Estrada do Terreiro, ainda em construção, à época.

Gizella partiu com suas tropas para enfrentar seus inimigos, mas o pior ainda estava por vir. Ao norte, Kalmus, que se revelou como o desconhecido filho bastardo de Erno, conquistou a amizade de tribos de bárbaros, orcs, hobgoblins e gigantes, oriundos dos recônditos gelados dos Vales dos Lobos, e adentrou o coração de Tallyar - terras que considerava suas por direito – pilhando, saqueando e destruindo tudo em seu caminho.

Foram longas décadas de Guerra Civil, que arrasaram o jovem Arquiducado, e praticamente desfizeram o serviço de seu fundador. Atos horríveis foram praticados, heresias horrendas cometidas, abominações demoníacas presenciadas, mas, ao final, Gizella emergiu vitoriosa da contenda – ainda que já velha, e sem um dos olhos, perdido em combate, naquela que ficou conhecida como a Batalha do Dia em que Bronéas Enegreceu de Sangue, ou, simplesmente, Bronéas Torneador.

As casas sem nome foram completamente extirpadas e destruídas, assim como o clã do Machado Fincado. As casas derrotadas tiveram seus títulos de Conde reduzidos para o de mero Cavaleiro, e mesmo as casas aliadas foram obrigadas a jurar lealdade e reconhecer o direito incontestável dos Bálazs de governar soberanamente o Arquiducado – não sem receberem uma série de prerrogativas interessantes sobre seus domínios alodiais, bem como espólios de guerra, terras e possessões das casas derrotadas.

Ao clã do Escudo Partido foi concedida a primazia sobre todos os anões, e os direitos sobre Ballia. Por fim, o governo direto das cidades foi retirado das casas nobres, tornando-se prerrogativa do Arquiduque apontar os governadores vitalícios de cada uma delas. Não raro, porém, esses governadores são oriundos das famílias nobres da região.

A Guerra de Sucessão tornou os tallyar um povo ainda mais guerreiro e embrutecido do que já eram. Se, por um lado, as Guerras Inferiores já haviam transformado quase todos em renomados guerreiros, a luta fraternal ensinou o povo a encarar as dores das perdas e da traição, e a lutar nas situações mais extremas possíveis.

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