terça-feira, 22 de dezembro de 2009

As Crônicas de Tallyar - #4.

* Referência: As Crônicas de Tallyar - #3.



A Queda da Casa de Bálazs e a Ocupação Gárrya


Ao norte de Tallyar, as vastas planícies de Allten haviam sido finalmente unificadas sob o governo feudal da casa de Holzsentein, que se tornou a senhora de um imenso império de vassalos. O Império de Alltenstarch, por sua própria natureza e tamanho, nasceu em guerra e ávido por conquistas. Não demorou muito até que os olhos cobiçosos dos Imperadores Holzsentein se lançassem sobre o pequeno Reino de Tallyar. Já próximo do final do reinado de Orban, os primeiros embaixadores de Alltenstarch chegaram à corte tallyar, com propostas de comércio e tratados de paz.

Ao sul, porém, um inimigo mais ávido ainda remoía seus planos de conquista. O Império que nascera da magnífica cidade de Gárrya era quase alienígena para os povos do norte de Prystina – e, muito superior, cultural, militar e arcanamente. Acredita-se, até hoje, que os gárryos tem sangue de demônio nas veias, e que todos são capazes de fazer rituais e magias complexas. Ao contrário de Alltenstarch, já no reinado de Cratiu, sucessor de Orban, os emissários de Gárrya não chegaram com propostas comerciais, mas sim com uma exigência de vasssalagem e fidelidade.

A ameaça foi considerada uma piada pelos guerreiros de Tallyar, e foi prontamente recusada. E, assim parecia ser. Cratiu governou em paz, e foi sucedido por Tamas. No décimo ano de reinado de Tamas o ataque veio. Brutal, feroz e sem aviso. Conta-se que trezentos mil soldados de Gárrya invadiram Tallyar - os outrora orgulhosos guerreiros foram humilhados em sua própria terra, e sua resistência mal durou quatro anos.

As casas derrotadas, dentre elas os próprios Bálazs, procuraram refúgio ao norte, no Império de Alltenstarch. Foram recebidos pelo Imperador como irmãos em dificuldade e sofrimento. Na Corte do Imperador, as casas nobres de Tallyar pediam ajuda ao Império para retomarem seu Reino. O Imperador prometia e prometia e prometia.

Por cinqüenta anos Tallyar foi governada por Interventores gárryos. O povo foi oprimido e escravizado; a cultura local sobrevivia à noite, na sorrelfa. Curiosamente, a arquitetura e infraestrutura locais se beneficiaram muito do domínio gárryo - grandes monumentos, estradas, postos de correio, portos fluviais, e obras estruturais como um todo foram erguidas ou reparadas pelos gárryos. Tallyar não passava de um estado tampão entre dois impérios, vassalo-escravo de um deles. Nessa época, foi como se os anões houvessem desaparecido.

Os Imperadores de Alltenstarch, entretanto, não estavam quietos. Lentamente planejaram a invasão de Tallyar. Aproveitaram-se de um momento no qual os gárryos estavam envolvidos em guerras no leste, com povos estranhos e desconhecidos, e convocaram seus nobres para guerra. As casas de Tallyar foram convidadas a se juntar à invasão.

A Primeira Guerra Allten-Gárrya durou dez anos. Apesar de enfraquecidos pelas batalhas do leste, as tropas que guarneciam Tallyar eram fortíssimas e bem treinadas. Mas nem elas conseguiram suportar a pressão de todo o exército do Império de Alltenstarch reunido. Finalmente as hostes feudais derrotaram as organizadas tropas gárryas, que foram obrigadas a recuar para trás do Bronéas, rumo às terras desérticas do sul. O país foi novamente destruído, mas muitas das construções gárryas permaneceram. Tyarna, a capital, queimou e ardeu até o chão.

Os Bálazs e as casas nativas de Tallyar esperavam que o Imperador Markus Holzsentein entregasse a coroa ao herdeiro legítimo do Reino, Miksa Bálazs. Mas não eram esses os planos do Império. Markus declarou que as casas de Tallyar haviam praticado traição durante a guerra, e, por isso, deveriam ser punidas. – Aquelas que jurassem lealdade ao Império, seriam perdoadas, mas os Bálazs, que eram os maiores traidores, estavam banidos e foram declarados “sem paz” e criminosos. Quais teriam sido essas traições foi considerado “Segredo de Estado”, e jamais revelado, nem mesmo para as casas “traidoras”.

Documentos foram apresentados “provando” que os Bálazs eram parentes da Casa de Forsthar, muito próxima aos Holzsenteins, e a Coroa de Tallyar foi entregue ao Duque Karl Forsthar, que jurou vassalagem imediata ao Império. Pela segunda vez, Tallyar encontrava-se sob domínio estrangeiro, sendo governada a partir da recém-fundada cidade de Listza.

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