quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A Península dos Deuses




A península é aparentemente um lugar comum, simples. Uma praia pequena, limpa, banhada por água lilás-escura. Chão macio encravado no fiapo de terra rochoso. Ninguém sabe dizer ao certo onde se localiza; tal sítio não deve ser visitado por qualquer pessoa.

Algumas lendas espalhadas pelo mundo falam a respeito de um lugar sagrado, onde os homens podem “ver” as idéias dos deuses deixadas pelo chão. Escondido, às vezes homens ou meninos o encontram. Costumam passar despercebidos. Raramente descobrem os segredos sussurrados na areia.


Durante a noite, formam-se delineados entre os grãos de areia, ideogramas, símbolos próximos ou distantes, pequenos ou grandes. O raiar traz a primeira maré, que os apaga muito antes das sete horas da manhã (podem ser vistos apenas com a luz do Sol). Tais sinais, surgem centenas por noite, apresentam um padrão particular, repetem-se, diversificam-se, variam.

Constituem uma escrita única, que guarda a resposta para todos os segredos, mistérios e dúvidas que existem. Um homem, sob grande risco pessoal, gastará muitos anos para aprendê-la, enfrentará imensas dificuldades para compreendê-la, e nunca conseguirá reproduzi-la. Os símbolos na areia não são lidos, nem apreendidos – dir-se-ia que podem ser sentidos. Talvez o termo “estar os símbolos” seja mais apropriado.

Em termos de jogo, as praias da península são o local onde os deuses escrevem e registram seus pensamentos e idéias. Lá, é possível para um personagem encontrar a resposta para qualquer segredo, pergunta ou questionamento que exista no mundo. Trata-se de uma região mística e poderosa, secreta e escondida, cuja localização deve, em si, ser o foco de diversas aventuras.

A cada dia que um personagem passa sua madrugada nas praias, procurando pela resposta a um enigma específico, há 1% de chance cumulativa de se obter a resposta correta e perfeita para a dúvida que o tortura. Entretanto, a partir do segundo dia pelo qual se busca a resposta para uma mesma pergunta, ou do segundo dia que se passa na península procurando-se a resposta para qualquer dúvida, há uma chance cumulativa de 1% de o personagem em questão enlouquecer.

A chance de se enlouquecer pode chegar ao máximo de 50%. Se um personagem passar no teste realizado nesse percentual, ele adquire uma compreensão maior dos símbolos divinos, e sua chance de enlouquecer é zerada. Caso ele passe mais dias vasculhando as areias, as chances de enlouquecimento voltam a crescer, no mesmo percentual de 1% por dia.

Se mais de um personagem tentar buscar respostas nos grãos ao mesmo tempo, suas chances de enlouquecer aumentam cumulativamente, ainda que o percentual de sucesso permaneça o mesmo. Assim, se três personagens estiverem investigando a península ao mesmo tempo, as chances individuais de se encontrar as respostas procuradas no terceiro dia de busca são de apenas 3%, mas o percentual individual de enlouquecimento é de 6%.

Nesses casos, não existe o limite de 50% presente nas procuras solitárias. Os deuses não gostam que mais de um homem investigue seus pensamentos ao mesmo tempo, e aqueles que debocham de seus desejos, ainda que inconscientemente, eventualmente enlouquecerão.

O personagem que enlouquecer por perscrutar os símbolos sagrados dificilmente escapará de um destino de insanidade. Sua loucura é grave e se manifesta em tempo integral, sendo que apenas a intervenção de algum deus piedoso pode curá-lo de tal condição.


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