segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Algumas reflexões paralelas – Parte II.

Conclui-se que os RPG de computador não são RPG de fato. Mas, e os MMORPG? Jogos tais como World of Warcraft, City of Heroes, Everquest, Warhammer Online, são RPG? Sinceramente, eles são menos RPG ainda do que os RPG de computador. Isso porquê o vínculo que eles possuem com o RPG, ou seja, o aspecto teatral vinculado à construção de uma boa estória, é virtualmente inexistente nos MMORPG.

Explico-me. É impossível para a companhia que desenvolve um MMORPG manter o controle sobre a estória do jogo. A Blizzard tenta: faz expansões para o World of Warcraft, avança a estória do cenário, altera as localizações e heróis do jogo. Mas ela controla tão somente a macro-estória do jogo. A micro-estória, aquela que a acontece a cada dia, a cada segundo, lhe escapa completamente. Essa micro-estória pertence aos jogadores.

E ela é uma completa porcaria. Ou melhor, ela simplesmente não existe.

Isso acontece porquê se é difícil fazer quatro pessoas concordarem em construir uma boa estória juntos, conseguir o mesmo feito com a quantidade de pessoas que habitam os MMORPG é totalmente impossível. Se por um lado há a estória feita pela companhia, e a estória consignada nas quests e nas falas dos NPCs, e nos próprios locais do mundo construído eletronicamente, por outro lado há sempre uma quantidade imensa de jogadores construindo péssimas estórias, destruindo as estórias dos outros, ou simplesmente não fazendo absolutamente nada que remotamente lembre uma estória.

Os vínculos dos MMORPG com o aspecto teatral do RPG, portanto, ficam seriamente prejudicados. Sério: como construir uma estória no magnífico mundo de Azeroth quando passa cavalgando ao seu lado o poderoso Warlock Undead conhecido como XXXgamerZZ12764?
   
E onde está graça, para quem gosta de RPG, dos MMORPG? Para alguns, em seu lado War Game, similar ao Rogue e ao Nethack - extremamente bem desenvolvido, sem dúvida alguma. Para outros, na estória que, a despeito de tudo, pode ser extraída das quests e dos NPCs. Para a grande maioria dos jogadores, porém, em motivos que não guardam praticamente nenhuma relação com RPG. De toda forma, acredite-me, essa graça tende a acabar rápido. Em algum tempo, torna-se insuportável.
    
É verdade: no começo, parecerá que o MMORPG é tudo que você sempre sonhou. Você não conseguirá largá-lo. Mas, se seu interesse nele é o mesmo interesse que você tem em jogar RPG, ou seja, se você está tentando substituir o RPG pelo MMORPG, logo essa graça desaparecerá: tais jogos simplesmente não tem vínculo o suficiente com o aspecto teatral do jogo para se sustentarem a longo prazo. Talvez eles ainda tenham graça por conta de seu lado War Game, ou pelos amigos da sua guilda – mas, pode anotar, você logo estará irritado de ter que ler o quê os NPCs dizem, ou de interagir com o mundo fora da parte que lhe interessa.
   
Os MMORPG, assim como os RPG de computador, não são verdadeiros RPG. Por algum motivo, nesse caso, isso me parece demeritório. Não sei explicar. Talvez porquê eles tenham uma falsa aparência muito forte de serem verdadeiros RPG, mas não são. Difícil explicar, realmente.

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